Até este ponto foi esclarecido que auto-estima é um sentimento; que a criança não
nasce com auto-estima, mas que tal sentimento pode ser desenvolvido durante a vida da
pessoa; que, como qualquer outro sentimento, ela é o produto de contingências de
reforçamento, contingências essas que os pais podem apresentar para a criança, desde
que devidamente orientados sobre como fazê-lo. Que contingências produzem, então,
auto-estima?
A auto-estima é o produto de contingências de reforçamento positivo de origem
social. Assim, sempre que uma criança se comporta de uma maneira específica, e os pais
a consequenciam com alguma forma de atenção, carinho, afago físico, sorriso (cada uma
dessas manifestações por parte dos pais pode ser chamada de reforço social generalizado
positivo ou conseqüência positiva), estão usando contingências de reforçamento
positivo, estão gratificando o filho. Por outro lado, toda vez que uma criança se
comporta e os pais a repreendem, a criticam, se afastam dela, não a tocam, nem
conversam com ela (cada uma dessas manifestações por parte dos pais pode ser chamada
de estímulo aversivo ou conseqüência negativa), estão usando contingências coercitivas
ou punindo o filho. A primeira condição aumenta a auto-estima, a segunda a diminui.
O uso de contingências reforçadoras positivas apresenta várias vantagens: 1.
Fortalece os comportamentos adequados do filho que são consequências dessa forma;
2. Produz maior variabilidade comportamental, pode-se dizer que a criança fica mais
criativa; 3. Desenvolve comportamentos de tomar iniciativa; 4. Produz sentimentos
bons, tais como satisfação, bem-estar, alegria, auto-estima etc..
Ter uma auto-estima elevada é se sentir adequado à vida, isto
é, competente e merecedor, no sentido que acabou de ser citado.
Ter uma auto-estima baixa é se sentir inadequado à vida, desajustado,
não sob este ou aquele aspecto, mas desajustado como
pessoa. Ter uma auto-estima média é oscilar entre se sentir adequado
ou inadequado como pessoa e manifestar essa inconsistência
no comportamento – às vezes agindo com sabedoria, às
vezes com estupidez –, reforçando, portanto, o sentimento de
incerteza.
A capacidade de desenvolver uma autoconfiança e um auto-respeito
saudáveis é inerente à nossa natureza, pois o pensamento
é a fonte primordial da nossa competência, e o fato de estarmos
vivos é o bastante para nos garantir o direito de lutar pela felicidade.
Em um mundo ideal, todos deveriam desfrutar um alto
nível de auto-estima, vivenciando tanto a autoconfiança intelectual
quanto a certeza de merecer o que há de melhor. Entretanto,
um grande número de pessoas não se sente assim. Muitas sofrem
com sentimentos de inadequação, insegurança, dúvida, culpa e
medo de uma participação plena na vida – uma sensação vaga de
não ser bom o bastante. Esses sentimentos nem sempre e são reconhecidos
e admitidos de imediato, mas eles existem.
É muito fácil nos distanciarmos de um autoconceito positivo
(ou nem formarmos um) durante o processo de crescimento e
o próprio desenrolar da vida. Poderemos nunca chegar a uma
visão feliz de nós mesmos por causa das informações negativas
vindas dos outros, ou porque falhamos em nossa própria honestidade,
integridade, responsabilidade e auto-afirmação, ou ainda
porque julgamos as próprias ações a partir de uma compreensão
e uma compaixão inapropriadas.
Entretanto, a auto-estima constitui sempre uma questão de
grau. Não conheço ninguém que seja totalmente carente de autoestima
positiva, nem que seja incapaz de elevá-la.
Desenvolver a auto-estima é trabalhar a convicção de que somos
capazes de viver e somos merecedores da felicidade, e, portanto,
aptos a enfrentar a vida com mais confi ança, boa vontade
e otimismo, o que nos ajuda a atingir nossas metas e a nos sentirmos
realizados. Desenvolver a auto-estima é expandir nossa
capacidade de ser feliz.
Se entendermos isso, poderemos compreender o fato de que
melhorar a auto-estima é vantajoso para todos. Não é necessário
que nos odiemos antes de aprender a nos amarmos mais; não é
preciso nos sentirmos inferiores para querermos ser confi antes;
não temos de nos sentir infelizes para querermos expandir nossa
disposição para a alegria.
Quanto maior a nossa auto-estima, mais bem equipados estaremos
para lidar com as adversidades da vida. Quanto mais
flexíveis formos, melhor resistiremos à pressão de sucumbir ao
desespero ou à derrota.
Nenhum comentário:
Postar um comentário