Resistência é um processo humano que acontece quando a pessoa se encontra sob algum tipo de ameaça. Não é
essencialmente um acontecimento psicoterapêutico. Ocorre na terapia não como uma oposição a si mesmo ou ao terapeuta, mas
como uma forma de se ajustar a uma nova situação. A resistência, é por natureza, a atualização do instinto de auto-preservação.
E o organismo inteligentemente segue a lei da preferência. Resistência é uma forma de contato que não pode ser destruída, mas
administrada, porque ela surge como uma defesa da totalidade vivenciada pela pessoa. A Resistência é, às vezes, resistência e
awareness mais que ao contato. Ela revela mais o caminho seguido do que oculta a caminhada feita. A resistência é um processo
natural, porque o corpo que não resiste, morre, mas falamos em processos de auto-regulação organísmica. Valorizamos mais o
que mantêm a resistência funcionando do que à própria resistência. O terapeuta também resiste, ou seja, ele se auto-regula na
sua relação com o cliente. Não questionamos a resistência, mas o processo que a mantêm.
Resistência como contato
A consciência, a priori, de que a resistência é mais uma
forma de contato do que de destruição nos coloca diante
dela, imediatamente, com um olhar mais de observador do
que com um olhar de proteção. Resistência não é um construto
entendido idealmente de forma idêntica por todas as
pessoas. Ela é relacional, portanto sujeito a mudanças. No grupo, assume formas grupais ou individuais sendo sempre
uma função do ambiente, ou seja, ela acontece no “entre” das
fronteiras dos sujeitos, individualmente, entre si, do sujeito
com o grupo, do grupo para com um de seus membros ou
do grupo com ele mesmo, como um todo, e de todas essas
possibilidades para com o meio ambiente.
Esse movimento de resistir e acomodar-se, de ter que
organizar suas próprias fronteiras e alargá-las ao mesmo
tempo, é fundamental para o crescimento do grupo, pois,
sem fronteiras claras, o grupo cairá num fundo caótico e,
com fronteiras rígidas demais, perderá sua capacidade de
mudar e ser criativo. Um nível de tensão optimal é importante
para que o grupo não se acomode e possa criar seus próprios
caminhos, ou seja, experiencie um ajustamento criativo,
no qual sempre se perde algo, mas se encontram caminhos
novos e sem os quais o grupo poderia ser destruído pela sua
própria energia.