sábado, 16 de dezembro de 2017

Solidão nos tempos de hoje!

É o tempo. Sempre urgente e implacável. Tempo que escraviza através das suas mais diversas exigências, e, ao mesmo tempo impõe o questionamento dos valores e da ética - frente a um mundo globalizado e sem fronteiras. 
Na contemporaneidade, a estetização do corpo passou a ser lei, pois dá ao individuo o sentimento de reconhecimento e pertença ao grupo, garantindo-lhe a sensação de um permanente estado de felicidade. As relações, após o surgimento da rede mundial de computadores (Internet), passaram a ser, também virtuais. Entretanto, de forma contraditória, a sociedade do final do século XX vive um paradoxo entre a globalização e o individualismo. É justamente neste espaço que a solidão se impõe.
 Na clínica, na música, na escultura, declamada em prosa e verso, projetada na tela do cinema, a solidão está presente nas mais diversas formas de expressão. Mais do que um estado ou um sentimento, a solidão está inscrita na história do homem . Na atualidade o homem vivencia a solidão de maneira complexa. Segundo Sennett (em Tanis, 2003 p.29): “Existe a solidão que transcende os termos do poder, baseada na ideia de que há diferença entre estar só e sentir-se só. Esta solidão é expressa na sensação de estar só entre muita gente...” A solidão assume um caráter polissêmico. Pode ser uma força necessária que possibilita a criação artística, também razão de sofrimento pelo seu caráter excludente. Para alguns teóricos, é imprescindível vivenciá-la, principalmente para que haja o reconhecimento do outro.
A clínica psicoterápica, enquanto espaço de escuta, é um dos lugares em que as múltiplas modalidades da solidão podem ser verbalizadas e trabalhadas abertamente, através da relação paciente-terapeuta.
 Os significados da solidão são modificados ao longo da história, e estão ligadas a mudanças subjetivas de cada época. Contudo, a solidão é inerente ao ser humano, desde seus primórdios. A história costuma lhe conceder diferentes sentidos que ora assumem, caráter positivo, ora, negativo, variando de acordo com os valores culturais, subjetivos de cada tempo.
Através dos meios de comunicação de massa, passa-nos a ideia da felicidade pela via da relação perfeita, idealizada. Os olhares dispensados aos indivíduos que, por opção ou contingência, vivem só, na grande maioria são “patologizantes” ou excludentes, por estarem estes sujeitos fora do grande circuito imposto pela mídia. 
Alguns sentimentos, como a solidão, despertam dificuldades ao vivê-los, assim como num determinado momento pode-se ter a sensação de mal-estar que invade e origina uma percepção de rejeição ou baixa autoestima e uma não apreensão do vazio existencial. Este artigo tem como objetivo abordar os temas da solidão e do vazio no cotidiano. A convivência social leva o homem a uma postura que nem sempre é a sua preferência. Muitas vezes, este homem se aliena de si mesmo o que pode acarretar um vazio e uma ideia de incapacidade para fazer algo de ativo sobre sua própria vida e sobre o ambiente em que vive.
O desejo pessoal parece estar subjugado diante da opinião pública. A convivência sobrepõe normas que desencadeiam a incapacidade de aceitá-las, produzindo uma angústia e apatia diante do querer particular. Surge a alienação, que é sinônimo de solidão e é uma característica do homem atual. O ficar só é assustador quando é sentido como um isolamento, o “medo da solidão” passa a ser uma ameaça quando essa não é concebida como um valor positivo. Percebe-se que a falta de convicção em relação ao que se deseja e o que sente diante de uma situação traumática podem gerar uma reação de procurar outras pessoas em busca de apoio e de orientação. O outro e a ausência dele têm um papel importante na existência.
 O homem contemporâneo sofre uma desesperança, que se apresenta por várias facetas de sofrimento. A ausência do Outro é um dos maiores fantasmas dessa realidade. Segundo Angerami-Camon: “A solidão é, assim, a configuração extremada da ausência do Outro. O Outro que se torna presente pela própria ausência configura em meu ser sua necessidade”.









Transtorno de ansiedade generalizada.

Ansiedade é um sentimento vago e desagradável de medo, apreensão, caracterizado por tensão ou desconforto derivado de antecipação de perigo, de algo desconhecido ou estranho.
A ansiedade e o medo passam a ser reconhecidos como patológicos quando são exagerados, desproporcionais em relação ao estímulo, ou qualitativamente diversos do que se observa como norma naquela faixa etária e interferem com a qualidade de vida, o conforto emocional ou o desempenho diário do indivíduo. Tais reações exageradas ao estímulo ansiogênico se desenvolvem, mais comumente, em indivíduos com uma predisposição neurobiológica herdada.
A maneira prática de se diferenciar ansiedade normal de ansiedade patológica é basicamente avaliar se a reação ansiosa é de curta duração, autolimitada e relacionada ao estímulo do momento ou não.
Os transtornos ansiosos são quadros clínicos em que esses sintomas são primários, ou seja, não são derivados de outras condições psiquiátricas (depressões, psicoses, transtornos do desenvolvimento, transtorno hipercinético, etc.).
Sintomas ansiosos (e não os transtornos propriamente) são freqüentes em outros transtornos psiquiátricos. É uma ansiedade que se explica pelos sintomas do transtorno primário (exemplos: a ansiedade do início do surto esquizofrênico; o medo da separação dos pais numa criança com depressão maior) e não constitui um conjunto de sintomas que determina um transtorno ansioso típico (descritos a seguir).
Mas podem ocorrer casos em que vários transtornos estão presentes ao mesmo tempo e não se consegue identificar o que é primário e o que não é, sendo mais correto referir que esse paciente apresenta mais de um diagnóstico coexistente (comorbidade). Estima-se que cerca de metade das crianças com transtornos ansiosos tenham também outro transtorno ansioso.
Pelos sistemas classificatórios vigentes, o transtorno de ansiedade de separação foi o único transtorno mantido na seção específica da infância e adolescência. O transtorno de ansiedade excessiva da infância e o transtorno de evitação da infância (DSM-III-R8), passaram a ser referidos nas classificações atuais, respectivamente, como transtorno de ansiedade generalizada (TAG) e fobia social.

Quais são os sintomas?
 O transtorno de ansiedade generalizada (TAG) é um transtorno de caráter crônico, pelo menos 6 meses de duração. Deve ocorrer uma incapacidade de controlar a ansiedade, que é reconhecida como desproporcional, e inespecífica, generalizada (critérios maiores, em negrito). 

Critérios diagnósticos para ansiedade: 

  • Ansiedade e preocupação excessiva, com diversas atividades
  • Dificuldade em controlar a preocupação
  • Inquietação ou sensação de nervos a flor da pele 
  • Fadigabilidade 
  • Alterações do sono (dificuldade em conciliar, manter ou insatisfação)
  • Irritabilidade
  • Tensão muscular
  •  Incapacidade em relaxar
  • Dificuldade para se concentrar ou sensações de “brancos” na mente 


Outros sintomas freqüentes:

  • Tremores 
  • Cefaléia e dores pelo corpo
  •  Palpitações 
  •  Sudorese 
  • Tonturas 
  •  Ondas de calor ou frio 
  •  Falta de ar 
  •  Urgência miccional 
  •  Catastrofização 
  •  Alterações do apetite (aumento ou redução)
  •  Crises de ansiedade

Tratamento:

 A maioria dos casos necessita tanto o tratamento psicoterápico é constituído por uma abordagem multimodal, terapia cognitivo-comportamental, psicoterapia dinâmica, uso de psicofármacos e intervenções familiares.
  Como o medicamentoso, com antidepressivos, eventualmente associados a ansiolíticos, os benzodiazepínicos, no início do tratamento. Por ser um transtorno muitas vezes crônico, as doses são maiores e por maiores períodos de tempo. 





sábado, 11 de novembro de 2017

Individualidade!!

Na psicologia, termos como subjetividade, individualidade, personalidade e identidade são comumente usados seja para se referir ao objeto de estudo dessa ciência, seja para designar processos e/ou resultados que compõem ou auxiliam na compreensão do objeto da ciência psicológica.
A universalidade refere-se às possibilidades construídas pelo gênero humano e que podem ser apropriadas pelo indivíduo, o que permite aos homens produzirem seus meios de satisfação das necessidades, apropriarem-se desses meios por eles produzidos e do conhecimento decorrente dessa atividade, tornando-os órgãos de sua individualidade, transformando-os em seu corpo inorgânico e em condição de sua existência.
A particularidade constitui as mediações que determinam a singularidade e a universalidade e concretizada na singularidade. O indivíduo (singular) apropria-se do corpo inorgânico e transforma-o numa possibilidade de se desenvolver plenamente (universalidade). Cada sociedade oferece condições materiais específicas para que os seus membros possam se desenvolver e essas condições se referem à particularidade.
 Assim, a subjetividade enquanto processo de constituição do psiquismo possibilita ao homem apropriar-se das produções da humanidade (universalidade), a partir de determinadas condições de vida (particularidade), que constituem indivíduos únicos (singularidades), mesmo quando compartilham a mesma particularidade.
Características naturais (herdadas biologicamente) como constituição física, modo de funcionamento do sistema nervoso, emoções, a dinâmica das necessidades biológicas, pertencem ao indivíduo e vão se singularizando e diferenciando-se de outros ao longo de seu desenvolvimento. Apesar da base inata, esses aspectos  se modificam nos e por meio dos processos de objetivação e apropriação da realidade – e assim sendo pela atividade do indivíduo – sendo produtos da integração da evolução biológica e ontológica.
A individualidade refere-se a essas características naturais que constituem todo o indivíduo e que servem de base para o desenvolvimento da singularidade e do psiquismo como um todo. 




Autopercepção!!

Autopercepção” refere-se à maneira pela qual as pessoas vem a compreender as suas próprias atitudes e crenças com base em seu comportamento em determinadas situações. É efetivamente um modelo de si mesmo a partir da perspectiva de um observador externo.
A teoria da autopercepção diferencia-se da teoria da dissonância cognitiva por não sustentar que as pessoas experienciam um "estado de motivação negativa" chamado "dissonância" quando buscam alívio. Ao invés disso, as pessoas simplesmente inferem suas atitudes a partir de seus próprios comportamentos da mesma maneira que um observador externo faria. Com isso a teoria da auto-percepção é um caso em especial da teoria da atribuição.
Se a teoria da dissonância cognitiva ou da auto-percepção é mais útil, é um tópico de controvérsia considerável e acompanhado de um grande corpo textual, sem um vencedor evidente. Existem algumas circunstâncias nas quais uma teoria é preferida em detrimento da outra, mas é tradicional o uso da terminologia da dissonância cognitiva como padrão.
O cerne do debate está na questão de que se a mudança está na maneira pela qual o indivíduo acredita que os outros irão julgá-lo ou se está na maneira pela qual o indivíduo julga a si mesmo, sem deixar ou deixando de ter em consideração os outros.

Se a teoria da dissonância cognitiva ou da auto-percepção é mais útil, é um tópico de controvérsia considerável e acompanhado de um grande corpo textual, sem um vencedor evidente. Existem algumas circunstâncias nas quais uma teoria é preferida em detrimento da outra, mas é tradicional o uso da terminologia da dissonância cognitiva como padrão.
O cerne do debate está na questão de que se a mudança está na maneira pela qual o indivíduo acredita que os outros irão julgá-lo ou se está na maneira pela qual o indivíduo julga a si mesmo, sem deixar ou deixando de ter em consideração os outros.





XÔ Procrastinação!!!!

Você é um procrastinador? Acontece com qualquer um de nós: Você tem um projeto iminente que é realmente importante. Deveria se concentrar em finalizá-lo. No entanto, surge com uma variedade enorme de desculpas para justificar por que ele não pode ser iniciado - Fulano precisa ser contatado com antecedência, você não tem a documentação certa ou não tem certeza de por onde começar. Independentemente do "porquê,"todos nos deparamos com aqueles momentos em que procrastinamos. Além disso, há um efeito cumulativo na procrastinação. Mesmo quando você finalmente completa uma tarefa, mais cinco aparecem para tomar o seu lugar. Não importa o quanto você tente, parece que há um ciclo interminável de coisas para fazer. A verdade é que todos já procrastinamos em algum momento de nossas vidas. Para a maioria de nós, isso acontece de vez em quando, mas para algumas pessoas, a procrastinação tem impedido sua capacidade de viver uma vida feliz e bem sucedida. Este livro foi escrito para aqueles que gostam de “deixar para a última hora” – para quem está lutando para conseguir concluir projetos e tarefas pessoais em tempo hábil. Não é tão difícil parar de procrastinar. Na verdade, tudo o que você tem a fazer é formar os mesmos hábitos utilizados por inúmeras pessoas de sucesso e torná-los parte de sua rotina. Embora essas pessoas muitas vezes tenham os mesmos medos e limitações que você, são capazes de tomar medidas consistentes porque treinaram a si mesmas para fazê-lo.

Algumas dicas para melhorar neste aspecto da sua vida:


  1. Peça ajuda de amigos quando uma tarefa se tornar difícil demais para começar ou terminar.
  2.  Não comece seu dia procrastinando. Esqueça a função soneca de uma vez por todas. Quando ao alarme tocar, levante da cama. 
  3. Diminua seu grau de auto-exigência. A busca pela perfeição pode adiar o começo de sua jornada. Vá melhorando conforme avança no projeto.
  4. Remova as distrações. Ter que conviver com os “ladrões de atenção” só torna o ato de procrastinar mais provável. Se a internet é o problema, que tal desligar seu wi-fi enquanto trabalha?
  5.  Faça uma coisa de cada vez. Apostar em múltiplas tarefas para ganhar tempo terá o efeito oposto. 
  6. Queime pontes, se possível. Quer começar sua empresa? Uma solução drástica pode ser pedir demissão. Você não terá escolhas.
  7. Se você quer fazer uma tarefa com frequência, como ir à academia toda segunda, quarta e sexta, coloque essa atividade no topo de sua lista. 
  8. Use listas de tarefa com inteligência. Escolha no máximo 3 itens, de alta prioridade e que estejam alinhados com seu objetivo principal. Não coloque nenhum item novo enquanto não finalizar os três já estipulados.
  9.  Utilize um Pomodoro Timer ou outro alarme para lembrar suas sessões de trabalho (de 60 a 90 min) e descansos pré-definidos (10-15 min).






sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Orientação Profissional

O processo de Orientação Profissional, é um método onde implica uma série de circunstâncias as quais determinam sua realização, pois a sociedade não é estável ela apresenta-se em constantes mudanças e, as profissões, como não poderia deixar de ser, já não são mais as mesmas e nem se apresentam da mesma forma que há vinte ou trinta anos atrás. 
A escolha de uma profissão não é nada simples ou fácil, embora as opções sejam inúmeras, o jovem ou adulto, ao ter que fazê-la sente-se inseguro e despreparado, pois esta escolha ocorre justamente num momento crucial de sua vida, momento este em que ele enfrenta muitos conflitos internos e externos, devido à fase da adolescência em que se encontra. Seus confrontos familiares o confundem ainda mais. 
E, na tentativa da auto afirmação, muitas vezes ele perde-se pelo caminho. É necessário desenvolver no jovem as noções de que estudamos para termos condições de mudarmos o rumo da história e crer que um outro mundo é possível, é preciso ensiná-los a sonhar, a ousar. Nossa responsabilidade para com nossos educandos é garantir-lhes um sentido à vida. 
Um bom começo para isso é o estabelecimento de vínculos afetivos, ou seja, ter a capacidade de deixar-se afetar pela necessidade do outro. E este vínculo passa pelo projeto de vida, para uma criança isto é passado pela postura mas, o adolescente ainda precisa do cognitivo, o motivo para tudo.Cada escolha que fazemos faz parte de um projeto de vida que aos poucos vai tornando-se realidade e delineando nossa vida através do futuro que almejamos. Somente através de objetivos traçados, com responsabilidade é que atingiremos a maturidade profissional que buscamos, tornando-nos profissionais competentes e realizados independente de qual seja ela.

Nesta embate e dificuldade desenvolvi um programa para desenvolvimento para o estudante e profissional em transição de carreira, métodos, atividade e testes psicológicos.





sábado, 21 de outubro de 2017

Tentativas de suicídio: um risco grave.

Texto extraído do livro:  "Como lidar co a depressão - Guia prático para familiares e pacientes que sofrem de Depressão". Autora: Martin Hautzinger.

A taxa de suicídio é de aproximadamente 15 casos para cada cem mil pessoas. Estima-se que o risco de um gesto suicida em um quadro depressivo seja de mais de 20%. Os mais atingidos são os de faixa etária jovem (18 a 25 anos) e mais avançada (acima de 70 anos). 
Tentativas de suicídio e gestos suicidas são um tabu. Mesmo na pratica medica e psicoterapêutica fala-se pouco sobre o assunto. Com frequência, os gestos com fins  suicidas são banalizadas ("não foi para valer") ou tem seu sentido desvirtuado ("não foi de proposito, só queria um pouco de sossego"). Entre os parceiros e na família, o tema é tratado de forma bastante emotiva; por isso, também nessa esfera evita-se falar sobre o assunto, identificar o risco, adotar medidas e aceitar ajuda.
A gravidade (quantidade de sintomas) e a duração (crônica, sem melhora) da depressão possibilitam uma previsão confiável de gestos suicida. Além disso, experiência recentes de perda, doenças físicas cronicas e isolamento social são fatores de risco bem típicos. O risco de um gesto suicida é máximo quando esses acontecimentos levam a um estado de desesperança.
A desesperança é a condição psíquica decisiva nas depressões e, sobretudo, nas tentativas de suicídio. As pessoas que não tem mais esperança de mudança, ajuda e distração desistem e querem acabar com sua vida.


Seleção de fatores de risco de suicídio:


  • tentativas anteriores de suicídio;
  • gênero masculino;
  • faixas etárias mais jovens e mais velhas
  • abatimento, falta de alegria
  • desamparo e desespeança
  • doenças cronicas
  • insonia persistente, distúrbios no sono
  • perdas, solidão, poucos laços sociais
  • consumo abusivo de álcool (ou de outras drogas)
  • medo, panico, nervosismo, impulsividade
  • fracassos, depceções.








segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Frustração: o inicio da nuvem cinza?!

Existe uma tendência natural de se pensar na infância como um período feliz, livre de preocupações ou de responsabilidades, mas as pesquisas têm mostrado que as crianças também sofrem de depressão.
Sentimentos de tristeza em função de perdas ou manifestações de raiva decorrentes de frustração são na maioria das vezes reações afetivas normais e passageiras e não requerem tratamento. Porém, dependendo da intensidade, da persistência e da presença de outros sintomas concomitantes, a tristeza e a irritabilidade podem ser indícios de quadros afetivos em crianças e adolescentes.
A irritabilidade é um sintoma inespecífico, podendo ser encontrada em indivíduos normais. No entanto, esta se torna patológica quando qualquer estímulo é sentido como perturbador e a criança ou adolescente apresenta hiper-reatividade de característica desagradável, hostil e eventualmente agressiva.
Alterações do humor com um forte componente de irritação, amargura, desgosto ou agressividade constituem quadros disfóricos que podem estar presentes nos transtornos afetivos. Provavelmente, por estarem em desenvolvimento, as crianças não têm capacidade para compreender o que acontece internamente e, com freqüência, apresentam comportamento agressivo.
As súbitas mudanças de comportamento na criança e no adolescente, não justificadas por fatores de estresse, são de extrema importância para o diagnóstico dos transtornos afetivos. Crianças, antes adequadas e adaptadas socialmente, passam a apresentar condutas irritáveis, destrutivas e agressivas, com a violação de regras sociais anteriormente aceitas. Esse comportamento pode ser decorrente de alterações de humor do tipo disfórico.
Nas disforias encontradas no cotidiano, sem uma conotação psiquiátrica e como resposta afetiva aos eventos diários, observa-se a brevidade do quadro e o não comprometimento das condutas adaptativas, diversamente do que é encontrado nos quadros depressivos.
Os transtornos afetivos interferem na vida da criança e do adolescente, prejudicando de modo importante seu rendimento escolar e seu relacionamento familiar e social. Como também nos adultos em todos aspectos da sua vida, pessoal, familiar, profissional.

Tratamento
O tratamento do paciente com transtornos afetivos inicia-se com uma avaliação detalhada para afastar possíveis causas orgânicas para o aparecimento dos sintomas. Também se deve obter dados sobre o comportamento da criança em casa e na escola. O diagnóstico preciso é fundamental para conduzir à terapêutica adequada. A psicoterapia da criança e a orientação para pais e professores são sempre necessárias. Muitas vezes recomenda-se a terapia familiar para diminuir a angústia da criança e da família. Com relação à medicação, deve-se estudar cada caso individualmente.
Nos casos de transtornos de ajustamento com humor depressivo, distimia e depressão maior, pode-se usar antidepressivos tricíclicos como imipramina, clormipramina, maprotilina, amitriptilina ou nortriptilina. Todos já são de uso comum na infância e tanto a substância como os efeitos colaterais são bastante conhecidos. Deve-se começar com doses baixas e o aumento deve ser gradual. Os efeitos colaterais são semelhantes aos observados em adultos, devendo ser dada especial atenção ao monitoramento cardíaco.
Os inibidores seletivos da recaptura de serotonina (ISRS) aprovados nos Estados Unidos pelo Food and Drug Administration (FDA) para uso em crianças são o cloridrato de sertralina e a fluoxetina. Essas drogas apresentam bons resultados e poucos efeitos colaterais. Outros ISRS, como o citalopram, a paroxetina e os ISRS de ação mista, como a venlafaxina, também têm sido utilizados.
O carbonato de lítio, a carbamazepina e o ácido valpróico podem favorecer a estabilização do humor e a melhora da irritabilidade nos casos de transtorno bipolar. São medicações consagradas no meio médico, mas deve-se ficar bastante atento às avaliações clínicas e laboratoriais prévias ao uso desses medicamentos.
A obrigatoriedade das avaliações clínicas e laboratoriais tem por objetivo afastar a possibilidade de diagnósticos diferenciais e, também, de traçar um perfil basal para futuros exames periódicos de controle, lembrando que alguns medicamentos apresentam efeitos colaterais intoleráveis para certos pacientes, assim como efeitos adversos de leucopenia (carbamazepina), hipotireoidismo (lítio), cardiotoxicidade (lítio) e patologias da condução cardíaca (antidepressivos tricíclicos). A dosagem sérica deve ser verificada sempre que possível.









Pensamento Positivo x Pensamento Negativo.

 Quando andamos desanimados com a vida, quando nos sentimos ‘em baixo’, quando nos sentimos infelizes por não conseguirmos dar a volta a um determinado problema, frequentemente alguém nos diz “o que é preciso é ter pensamento positivo”. Quem for apanhado de surpresa por esta afirmação não consegue compreender como é que o pensamento positivo vai resolver o problema concreto que possui! Como é que pensando positivamente se resolve, como que por milagre, o problema existente! O pensamento positivo existe em contraponto relativamente ao pensamento negativo. Qual é a vantagem, para nós, em ter pensamentos positivos em vez de pensamentos negativos? Quando temos um problema qualquer que não conseguimos resolver e nos incomoda bastante, ao ponto de ficarmos angustiados, deprimidos ou mesmo amedrontados, se mantivermos uma atitude negativa que consiste em ter sentimentos derrotistas, sentimentos de pessimismo, sentimentos de incapacidade para resolver problemas, o que vai acontecer é que para além de não darmos nenhum contributo positivo, racional, para a resolução do problema, estamos a aumentar a dimensão do problema a resolver, o qual vem agora afetado de uma terrível carga negativa que é acrescentada por nós próprios, tornando-se uma bola de neve sempre a crescer com a continuidade dos pensamentos negativos. Isto é, o pensamento negativo não resolve nada e só vem complicar ainda mais a resolução do problema, tornando a nossa mente pouco lúcida. O pensamento positivo, pelo contrário, tem a virtude inicial de nos acalmar, de clarificar o problema a resolver, de tornar a nossa mente mais lúcida e de definir claramente os limites do problema. Com pensamentos positivos, ficamos com a mente mais aberta, não entramos em ansiedade com tanta facilidade, não entramos em pânico, controlamos melhor a situação. É verdade que o problema, enquanto não for resolvido, continua a existir, mas agora com a vantagem de estarmos conscientes de que o problema tem os limites que tem, os verdadeiros, e não os limites ampliados pela nossa mente em estado alterado. Continuando a pensar positivamente, verificamos que os aspectos que nos pareciam problemáticos passam a ser encarados como factos comezinhos, sem grande importância. O que podemos então fazer para manter o espírito com pensamentos positivos? Bom, basta, nestas situações problemáticas, dizermos para nós próprios, em silêncio ou bem alto, consoante o local, um conjunto de frases positivas, as quais vão entrar no nosso subconsciente e que, mais tarde, quando pensarmos no tal problema, irão trabalhar em silêncio, ajudando-nos a ter uma atitude mais objectiva e racional, sem desânimos.
 Há muitos pensamentos positivos que podemos dizer para nós próprios, nomeadamente: 1) Eu consigo resolver os meus problemas 
2) Eu sinto-me bastante confiante para resolver este problema 
3) Tenho plena confiança nas minhas capacidades 
4) Eu vou encontrar uma solução para este problema. 
São frases deste gênero, ditas de uma forma confiante, bastante afirmativa, várias vezes, seguidas, pausadas, que nos ajudam a manter uma vontade forte, um pensamento positivo forte, para enfrentar a situação em causa. Conseguido este ganho de confiança, quando se enfrenta o problema, o nosso estado de espírito já é outro, a nossa capacidade de análise é mais lúcida e a probabilidade de se resolver o problema é maior. Além disso, está provado cientificamente que o psíquico influencia o físico, isto é, o nosso estado de espírito, o nosso estado psicológico, o nosso pensamento provoca alterações fisiológicas, nomeadamente: perturbações digestivas, problemas neurológicos, problemas de pele, etc.. Evidentemente que o pensamento positivo pode aplicar-se no dia-a-dia do aluno, nas suas tarefas escolares, nas suas dificuldades escolares desta ou daquela disciplina. O pensamento positivo dá mesmo resultado, comprovadamente, só é necessário é que o aluno o queira, tenha a vontade de resolver o problema.





Desmotivação no trabalho.

 Desmotivação e Patologias Motivacionais:

 Existe uma dimensão do comportamento humano que, por estar menos evidente à observação direta, não deixa de ter grande importância. Essa dimensão tem, também, o poder de influenciar, negativamente, atitudes e respostas comportamentais dos indivíduos em praticamente todas as suas situações de vida. Quando um esforço despendido na busca de satisfazer uma necessidade é bloqueado, o indivíduo encontra-se em um estado de insatisfação física ou fisiológica que, ao ser vivenciado por longo intervalo de tempo, pode-se culminar em um estado de frustração ou desmotivação, culminando em um comportamento apático e patológico. Contudo, existe um limite muito tênue que permite distinguir a diferença entre o atendimento produtivo de uma necessidade e aquele considerado como insuficiente ou inapropriado. Caminhando no sentido do ajustamento produtivo, as pessoas tomam a direção do seu autodesenvolvimento, conseguindo preservar a auto-identidade. Caso contrário, a sensação é a de estar sendo perigosamente ameaçado e, como uma das formas de defesa de si mesmo, o indivíduo age irracionalmente, ocasionando, assim, um falso ajustamento. Satisfazer uma necessidade não só é condição básica para evitar conseqüências de provável desajustamento, como também, representa um meio de neutralizar a discrepância entre a expectativa da satisfação e o estado real em que cada um se encontra. Voltando-se mais especificamente para o campo profissional, a partir de certa idade, o trabalho passa a ser parte integrante da vida das pessoas. As atividades de trabalho representam fonte e oportunidade quase exclusiva com as quais cada um conta para atender não somente às expectativas mais concretas, como também, aquelas menos palpáveis que são as necessidades psicológicas. O trabalho, para cada uma das pessoas, reveste-se da importância de ser fonte de equilíbrio individual. Um ajustamento precário ou inadequado ao trabalho pode ter como resultado final estados interiores que vão desde leves desapontamentos até frustrações mais graves. Isso explica muito bem não somente estados interiores típicos de insatisfação com relação às solicitações da situação de trabalho, como pode, inclusive, precipitar estagnação na carreira e na vida profissional.


A organização paranoide: é aquela que enfatiza sistemas de informação e controle. Os responsáveis pela administração dessas empresas adotam a conduta tipo suspeita constante, desconfiando e duvidando das pessoas e dos acontecimentos que se passam dentro e fora da empresa. Desmotivação: Embora consigam evitar grandes perdas, dado o caráter precavido que adotam as organizações, o clima interno a elas é frio, fazendo com que as pessoas percam a espontaneidade e optem por comportamentos mais defensivos, que, na maioria das vezes, inibem a criatividade.  A organização compulsiva: nesse tipo de organização os controles são planejados para funcionar de maneira concreta com vistas a monitorar o mais rigidamente possível as operações internas, a eficácia da produção, os custos e a programação das atividades individuais. As mudanças são consideradas como altamente ameaçadoras e vistas como impossíveis de ocorrer. Desmotivação: Em virtude das pessoas terem que adotar um comportamento tipo compulsivo onde o dever e a rigidez deve ser cumprido em detrimento aos próprios desejos e interesses pessoais, impera-se atitudes de total apatia e submissão, fazendo com que a empresa perca facilmente o sentido da realidade em que vive e do ambiente com o qual deveria estar interagindo com maior dinamismo.  A organização teatral: destaca-se por ser um tipo de empresa que está sempre em cena. Faz-se notar por suas características de extrema atividade, sendo uma entidade terrivelmente aventureira a ponto de levar ao extremo a sua despreocupação com perigos ou ameaças que possa estar sofrendo. A audácia, o risco e a diversificação representam os seus principais parâmetros de ação. O ambiente dessas organizações reflete hiperatividade, impulsividade e perigosa incredulidade diante das ameaças. Parece que tudo funciona ao sabor de impulsos pessoais. Desmotivação: Freqüentemente, as pessoas dentro desse tipo de empresa sentem-se relegadas a segundo plano, podendo, por isso, alimentar um rancor silencioso, mas não tendo coragem de confessá-lo. Todos, de maneira geral, sentem que no fundo estão se prestando a farsas que só engrandecem a personalidade da figura que ocupa o topo da organização.  A organização depressiva: bastante fechada em si, esta é uma empresa na qual reina um clima de passividade, que tem nítidos reflexos na dificuldade de resolução de problemas e tomada de decisões. As práticas de trabalho são normalmente preestabelecidas, as rotinas devem ser cumpridas a todo custo e os procedimentos formalizados ao extremo precisam ser religiosamente respeitados. Desmotivação: Os empregados respondem a diretriz de anonimato, adotando formas passivas de ação, não se mostrando envolvidos na busca de eficácia pessoal. Há, por toda parte, uma sensação de impotência diante do curso dos acontecimentos, acreditando-se que contra eles nada pode ser feito. Não é de espantar que, em tal ambiente, a falta de interesse e motivação, bem como os baixos níveis de satisfação pessoal, sejam uma constante.  A organização esquizoide: é o tipo de empresa onde os executivos, seja em que nível for, procuram satisfazer os seus próprios interesses. Não há indícios de esforços compartilhados. Falar a respeito de trabalhos em equipe para essas empresas não faz nenhum sentido. As informações são utilizadas mais como fonte de poder do que como um recurso que promova a integração e a adaptação indispensáveis ao conforto pessoal no ambiente de trabalho. Desmotivação: É normal que as pessoas dentro desse contexto guardem distância umas das outras, pois isso representa menor risco para elas. Nesse isolamento emocional, as necessidades de cada um ficam sistematicamente relegadas, deixando, não raro, evidentes sentimentos subjacentes de agressividade.

Motivação. Esta é uma palavra que pode fazer a diferença entre o sucesso e o fracasso de uma empresa em qualquer dos seus escalões – do chão de fábrica à presidência. Motivação não é algo que se explique em apenas uma frase, nem se consegue ter funcionários motivados através de uma única atitude. A motivação é um conjunto de coisa que ao se combinar, transformam a empresa em um negócio altamente poderoso.







domingo, 4 de junho de 2017

O que é distimia?

A distimia é uma forma de depressão crônica, não-episódica, de sintomatologia menos intensa do que as chamadas depressões maiores. O padrão básico desses pacientes é um baixo grau de sintomas, os quais aparecem insidiosamente, na maioria dos casos antes dos 25 anos. Apesar dos sintomas mais brandos, a cronicidade e a ausência do reconhecimento da doença fazem com que o prejuízo à qualidade de vida dos pacientes seja considerado maior do que nos demais tipos de depressão. Os pacientes com transtorno distímico freqüentemente são sarcásticos, niilistas, rabugentos, exigentes e queixosos. Eles podem ser tensos, rígidos e resistentes às intervenções terapêuticas, embora compareçam regularmente às consultas.  Distimia: características históricas e nosológicas e sua relação com transtorno depressivo maior disso, o médico pode sentir-se irritado com o paciente e até mesmo desconsiderar suas queixas . Apesar de o transtorno cursar com um funcionamento social relativamente estável, essa estabilidade é relativa, visto que muitos desses pacientes investem a energia que têm no trabalho, nada sobrando para o prazer e para as atividades familiares e sociais, o que acarreta atrito conjugal característico. Em termos evolucionários, a distimia poderia ser um subtipo adaptativo de humor que se desenvolveu para enfrentar estados de estresse ou carências 9. Assim, certas características de humor deprimido poderiam conferir vantagens evolucionárias em condições específicas (onde a falta de ação e iniciativa seriam mais apropriadas para evitar risco à vida) 10, sendo benéficas em certas subpopulações e ambientes, selecionando-os com o passar do tempo. Como uma condição mal-adaptativa, a distimia se manifesta clinicamente como um afastamento da rotina de atividades diárias ao invés de enfrentá-las. Diferenças de gênero – dominância feminina – em distimia e depressão também podem ter uma razão evolucionária.
O transtorno distímico é uma importante causa de morbidade, muito prevalente em nosso meio e que aumenta os custos financeiros e a utilização do sistema de saúde. O conceito de distimia, originalmente abrangente e inespecífico, vem sofrendo muitas modificações ao longo do tempo, e hoje é incluído dentre os transtornos do humor, no espectro das depressões crônicas. Essa nova classificação nosológica representou um importante passo para uma melhor compreensão da entidade, assim como para uma abordagem farmacológica no seu tratamento. A relação entre a distimia e os demais transtornos de humor, particularmente o TDM, é hoje objeto de muitos estudos e controvérsias. Os estudos atuais ainda são metodologicamente limitados, fruto também da falta de padronização na descrição do transtorno. Dada a sua importância, novos estudos, com metodologias criteriosas e amostras consideráveis, devem ser estimulados, para que possamos entender e tratar melhor esse transtorno.

Tratamento:

A evidência disponível no momento envolve um bom número de pacientes, é de boa qualidade e indica que pacientes portadores de depressão crônica, tradicionalmente considerados resistentes às abordagens terapêuticas, podem se beneficiar com o uso de antidepressivos a curto prazo e a um custo relativamente baixo.




Amor versus Vicio

Amor (sistema aberto)

Espaço para crescer, expandir-se, desejo que o outro cresça.
Interesses distintos; outros amigos; manutenção de outras amizades significativas.
Encorajamento de cada um para o crescimento do outro; segurança quanto ao próprio valor.
Confiança; abertura.
Integridade mutua preservada.
Desejo de arriscar e ser real.
Espaço para a exploração de sentimentos dentro do relacionamento.
Capacidade de gostar de star sozinho.


Vicio (sistema fechado)
Dependente, baseado na segurança e no conforto; usa a intensidade da carência e da paixão como prova de amor (pode na realidade ser medo, insegurança, solidão).
Total envolvimento; vida social limitada; negligenciamos antigos amigos e interesses.
Preocupação com o comportamento do outro; dependência da aprovação do outro para estabelecer a própria identidade e o próprio valor.
Ciume, possessividade, medo de competição, "suprimentos de proteção."
As  necessidades de um são suprimidas em função das do outro; autoprivação.
Busca da invulnerabilidade total - elimina possíveis riscos.
Reafirmação a traves de atividades repetidas e ritualizadas.
Intolerância - incapaz de suportar separações (mesmo quando em conflito); aprende-se cada vez mais. Carências - perda de apetite, insonia, agonia letárgica e de desorientada.

(Extraído do livro: Codependência nunca mais; autora: Melody Beattie, editora BestSeller, 2016).






domingo, 23 de abril de 2017

O luto e seu enfrentamento.

A perda de um cônjuge:

O luto é um quadro clínico que apresenta sinais e sintomas específicos, tanto emocionais quanto cognitivos e comportamentais, diferentes dos quadros de depressão. Os casos de luto decorrente de morte imprevista, assim como aqueles que envolvem a morte de um companheiro de longa data, apresentam particularidades que serão importantes na condução do planejamento terapêutico. Enquanto a rede de apoio social, mais do que a qualidade do relacionamento com o cônjuge, exerce influência sobre a depressão e outros sintomas do luto, a qualidade dessa relação afeta a saudade percebida após a perda. Entre jovens, é relatada maior incidência de depressão e alcoolismo nos dois anos seguintes a perdas por morte imprevista. No caso de morte de cônjuge, os parceiros sobreviventes sofrem grande pressão social para rapidamente retornarem às suas rotinas, tendo seus recursos internos fortemente mobilizados para conseguirem lidar com a tristeza e, simultaneamente, retomarem sua funcionalidade. Pacientes em luto apresentam maior incidência de problemas psicossomáticos, busca por atendimento médico para queixas orgânicas e maior número de internações do que a população geral. 

Estudos voltados para terapêutica do luto ainda são escassos na literatura, sendo ausentes estudos sobre a eficácia da terapia cognitivo- -comportamental para luto, considerando as particularidades enfrentadas por aqueles que sofrem com a perda súbita de seus cônjuges. Por meio do atendimento com enfoque cognitivista-comportamental, foi possível a obtenção de melhora em todas as medidas de avaliação realizadas: depressão, ansiedade, esperança em relação ao futuro, estresse, habilidades sociais, distúrbios do sono e distúrbios psicossomáticos. O acompanhamento do progresso obtido por meio de instrumentos psicométricos validados, com boa fidedignidade e com normas estabelecidas para a população brasileira garante a qualidade da avaliação realizada. O período mais propício para prevenção de episódios depressivos após o luto é aquele próximo à ocorrência da morte; desse modo, o fato de a paciente ter iniciado o acompanhamento terapêutico dois meses após a perda pode ser sido benéfico. São necessários, no entanto, novos estudos para avaliar a real influência do período transcorrido após a perda na eficácia terapêutica, não apenas em relação à profilaxia de episódios depressivos, mas também em relação a outros sinais e sintomas do luto. O estudo de caso apresentado colabora para a ampliação dos limites da terapia cognitivo-comportamental, apresentando bons resultados para o tratamento específico de um quadro de luto decorrente da morte súbita de cônjuge.


Os estágios:

No primeiro estágio, a negação e o isolamento servem como um mecanismo de defesa temporário, um para-choque que alivia o impacto da notícia, uma recusa a confrontar-se com a situação. Ocorre em quem é informado abruptamente a respeito da morte; embora considerado o primeiro estágio, pode aparecer em outros momentos. A raiva, segundo estágio, é o momento em que as pessoas externalizam a revolta que estão sentindo. Neste caso, tornam-se por vezes agressivos. Há também a procura de culpados e questionamentos, tal como: “Por que ele?”, com o intuito de aliviar o imenso sofrimento e revolta pela perda. Já a barganha, percebida no terceiro estágio de reação à perda, é uma tentativa, de negociar ou adiar os temores diante da situação; as pessoas buscam firmar acordos com figuras que segundo suas crenças teriam poder de intervenção sobre a situação de perda. Geralmente esses acordos e promessas são direcionados a Deus e mesmo aos profissionais de saúde que a acompanham. A depressão, quarto estágio, é divida em preparatória e reativa. A depressão reativa ocorre quando surgem outras perdas devido à perda por morte, por exemplo, a perda de um emprego e, consequentemente, um prejuízo financeiro, como também a perda de papéis do âmbito familiar. Já a depressão preparatória é o momento em que a aceitação está mais próxima, é quando as pessoas ficam quietas, repensando e processando o que a vida fez com elas e o que elas fizeram da vida delas.

Tratamento:
O objetivo terapêutico na Terapia Cognitivo-Comportamental perante uma situação de luto por perda repentina tem como base, identificar recursos disponíveis e avaliar quais são as principais preocupações do paciente. Num primeiro momento, recomenda-se defini-las; por seguinte, priorizá-las; e, por fim, abordá-las, levando em consideração e avaliando a rede de apoio social e auxiliando na tomada de decisões, pois possivelmente o enlutado encontra-se em estados psicológico e emocional prejudicados. 
A maioria das pessoas que passam por situações de estresse, como a perda de um ente querido, desenvolve respostas de enfrentamento desadaptativas, ou seja, uma estratégia que a pessoa apresenta em certas circunstâncias para conseguir lidar com o evento traumático. De acordo com estudos em algum momento os Esquemas Iniciais Disfuncionais (EIDs) latentes, caracterizados por um conjunto de crenças globais e enraizadas, com pressuposições e regras acerca do mundo, podem ser ativados devido a uma situação, alterando e predominando sobre humor bem como sobre o comportamento de um indivíduo. Os mesmos autores afirmam que lutar, fugir, paralisar-se são as principais respostas à ameaça. Nos esquemas, essas respostas são denominadas de: 1) hipercompensação: quando eles lutam contra o esquema pensando, agindo, sentindo como se o oposto do esquema fosse verdadeiro; 2) evitação: os pacientes organizam suas vidas para que o esquema não seja ativado, bloqueiam pensamentos e imagens para evitar sentimentos ativados pelo esquema; e 3) resignação: quando os pacientes consentem o esquema, aceitam como verdadeiro, não tentam evitar nem lutar contra ele. É através desses processos que os esquemas continuam ativos na vida psíquica de um indivíduo.







Terapia de casal: objetivos e tratamentos

Revisão

Cognições inadequadas ou disfuncionais – pensamentos automáticos e crenças – estariam na base de uma variedade de desordens psicológicas.   apontou que muitos problemas vivenciados dentro do casamento também poderiam estar relacionados às cognições disfuncionais de ambos os parceiros. Alguns estudos ratificaram essa hipótese sobre o papel negativo dos pensamentos, crenças, expectativas, atribuições, entre outros, na qualidade dos relacionamentos maritais.
Os pensamentos automáticos vêm sendo concebidos como idéias ou imagens que passam despercebidas e de forma muito rápida na mente das pessoas. Esses pensamentos por si sós não são adequados ou inadequados. Devido ao fato de esses tipos de pensamento não serem sempre racionalmente avaliados, eles tendem a ser aceitos como algo razoável, em situações específicas. Tem sido apontado que esse fluxo de idéias instantâneas, que pode passar na cabeça de um dos cônjuges, pode influenciar seus estados emocionais e suas ações negativamente. Por exemplo, quando uma esposa não recebe a atenção que gostaria de receber de seu marido, a respeito de um problema de trabalho, pode chegar à seguinte conclusão: “ele nunca me ouve”. Nessa situação, a parceira pode sentir raiva e gritar com seu companheiro, dizendo que ele é um imprestável.
Os pensamentos automáticos disfuncionais podem ser influenciados por distorções cognitivas. Estas seriam distorções sistemáticas no processamento da informação, falhas de interpretação e raciocínios desprovidos de lógica. A leitura mental, por exemplo, é um tipo de distorção segundo a qual uma pessoa acredita ser capaz de ler os pensamentos de alguém. Por exemplo, quando um homem está falando com a esposa e essa boceja por estar cansada, ele pode pensar: “ela está achando chato conversar comigo”. Ele, então, pode ficar magoado e evitar sua parceira ao longo do dia. Existem inúmeras outras distorções relatadas na literatura especializada que podem ter influência sobre o relacionamento de casais, estudos apontaram que o surgimento das crenças intermediárias e centrais ocorre durante a interação das crianças com pessoas significativas em suas vidas e estão associadas a fatores sócio-culturais. São idéias que uma pessoa tem sobre si mesma, sobre as pessoas de uma maneira geral, sobre o mundo, sobre relacionamentos, entre outros aspectos. Crenças mais centrais têm maior impacto sobre o pensamento de uma forma geral, são mais rígidas e mais difíceis de mudar do que crenças mais periféricas. Ambos os tipos podem ser inadequados e levar ao aumento de conflitos em um relacionamento amoroso. Por exemplo, um marido pode ter a seguinte crença central, “não sou uma pessoa digna de ser amada”. Para tentar não acreditar nesse pensamento, o esposo pode desenvolver uma crença intermediária do tipo, “se eu sempre recebo apoio em todas as minhas decisões, então eu sou amado”, ou do tipo “se minha esposa não concorda comigo a todo o momento, então estou sendo rejeitado”. Uma vez que a esposa não endossa todas as idéias do marido, este pode ficar triste e não expressar seus pensamentos, por acreditar que realmente não pode ser amado por alguém.

A atenção seletiva é entendida como um processo de percepção no qual uma pessoa capta informações de uma situação de acordo com categorias que fazem sentido ao seu ponto de vista. Além disso, ignora os dados que não se encaixam em seu perfil de relacionamento. Por exemplo, uma mulher quando acredita que é fraca, pode ficar atenta aos comportamentos do seu marido que julgue serem de dominação. Quando ela pede ao parceiro para visitar os pais dela, e ele não quer ir, a esposa pode pensar que ele nunca atende aos seus desejos por não respeitá-la. Então, ela pode sentir-se frustrada e passar a evitar o marido. Entretanto, o parceiro não aceitou o convite por estar sentindo enxaqueca. Em diversas situações, essa mulher busca fazer diferentes solicitações que em sua maioria são atendidas pelo marido. Contudo, ela geralmente presta atenção aos seus próprios desejos, que ele não atende 

Tratamento
Pode-se afirmar que os principais objetivos da terapia cognitivo-comportamental, no tratamento de casais em conflito, são a reestruturação de cognições inadequadas, o manejo das emoções, a modificação de padrões de comunicação disfuncionais e o desenvolvimento de estratégias para solução de problemas cotidianos mais eficazes. Outros procedimentos utilizados são as alterações de comportamentos que formam padrões negativamente específicos. A avaliação é normalmente a etapa inicial e fundamental do tratamento de problemas de qualquer natureza dentro da abordagem cognitivo-comportamental São utilizados diferentes tipos de entrevistas, inventários e escalas. Um instrumento de avaliação muito utilizado nos Estados Unidos é o Relationship Belief Inventory - RBI (Eidelson & Epstein, 1982). Outra escala bastante empregada é a Dyadic Adjustment Scale – DAS (Spainer, 1976; Spanier & Thompson, 1982). Alguns instrumentos foram validados para a população brasileira, como o Inventário de Satisfação Conjugal (Dela Coleta, 1989) e a Medida da Satisfação em Relacionamento de Casal (Wachelke, Andrade, Cruz, Faggiani & Natividade, 2004). Usualmente, a primeira sessão é realizada com a presença de ambos os cônjuges. Essa é uma oportunidade para o terapeuta verificar as áreas problemáticas no relacionamento, a interação entre o casal, o modo como eles se comunicam, os pontos fortes da relação, os fatores externos que possam estar estressando os parceiros etc. As informações que são obtidas nessa sessão irão auxiliar no processo de formulação de hipóteses preliminares sobre os motivos do conflito conjugal. Após a entrevista inicial, duas sessões costumam ser conduzidas. Cada uma contando com a presença de apenas um dos parceiros. O objetivo seria coletar informações que talvez não tenham sido apresentadas inicialmente. Um parceiro poderia ficar inibido na presença do outro e não revelar situações como, por exemplo, abuso na infância, violência intrafamiliar, adultério e desejo de se divorciar. Algumas questões éticas se impõem nessas entrevistas individuais. As informações prestadas nessas sessões só podem ser reveladas com a autorização dos participantes, exceto em alguns casos específicos. Por exemplo, no caso de violência física é necessário que o cônjuge abusado seja encaminhado para instituições competentes.