sábado, 16 de dezembro de 2017

Solidão nos tempos de hoje!

É o tempo. Sempre urgente e implacável. Tempo que escraviza através das suas mais diversas exigências, e, ao mesmo tempo impõe o questionamento dos valores e da ética - frente a um mundo globalizado e sem fronteiras. 
Na contemporaneidade, a estetização do corpo passou a ser lei, pois dá ao individuo o sentimento de reconhecimento e pertença ao grupo, garantindo-lhe a sensação de um permanente estado de felicidade. As relações, após o surgimento da rede mundial de computadores (Internet), passaram a ser, também virtuais. Entretanto, de forma contraditória, a sociedade do final do século XX vive um paradoxo entre a globalização e o individualismo. É justamente neste espaço que a solidão se impõe.
 Na clínica, na música, na escultura, declamada em prosa e verso, projetada na tela do cinema, a solidão está presente nas mais diversas formas de expressão. Mais do que um estado ou um sentimento, a solidão está inscrita na história do homem . Na atualidade o homem vivencia a solidão de maneira complexa. Segundo Sennett (em Tanis, 2003 p.29): “Existe a solidão que transcende os termos do poder, baseada na ideia de que há diferença entre estar só e sentir-se só. Esta solidão é expressa na sensação de estar só entre muita gente...” A solidão assume um caráter polissêmico. Pode ser uma força necessária que possibilita a criação artística, também razão de sofrimento pelo seu caráter excludente. Para alguns teóricos, é imprescindível vivenciá-la, principalmente para que haja o reconhecimento do outro.
A clínica psicoterápica, enquanto espaço de escuta, é um dos lugares em que as múltiplas modalidades da solidão podem ser verbalizadas e trabalhadas abertamente, através da relação paciente-terapeuta.
 Os significados da solidão são modificados ao longo da história, e estão ligadas a mudanças subjetivas de cada época. Contudo, a solidão é inerente ao ser humano, desde seus primórdios. A história costuma lhe conceder diferentes sentidos que ora assumem, caráter positivo, ora, negativo, variando de acordo com os valores culturais, subjetivos de cada tempo.
Através dos meios de comunicação de massa, passa-nos a ideia da felicidade pela via da relação perfeita, idealizada. Os olhares dispensados aos indivíduos que, por opção ou contingência, vivem só, na grande maioria são “patologizantes” ou excludentes, por estarem estes sujeitos fora do grande circuito imposto pela mídia. 
Alguns sentimentos, como a solidão, despertam dificuldades ao vivê-los, assim como num determinado momento pode-se ter a sensação de mal-estar que invade e origina uma percepção de rejeição ou baixa autoestima e uma não apreensão do vazio existencial. Este artigo tem como objetivo abordar os temas da solidão e do vazio no cotidiano. A convivência social leva o homem a uma postura que nem sempre é a sua preferência. Muitas vezes, este homem se aliena de si mesmo o que pode acarretar um vazio e uma ideia de incapacidade para fazer algo de ativo sobre sua própria vida e sobre o ambiente em que vive.
O desejo pessoal parece estar subjugado diante da opinião pública. A convivência sobrepõe normas que desencadeiam a incapacidade de aceitá-las, produzindo uma angústia e apatia diante do querer particular. Surge a alienação, que é sinônimo de solidão e é uma característica do homem atual. O ficar só é assustador quando é sentido como um isolamento, o “medo da solidão” passa a ser uma ameaça quando essa não é concebida como um valor positivo. Percebe-se que a falta de convicção em relação ao que se deseja e o que sente diante de uma situação traumática podem gerar uma reação de procurar outras pessoas em busca de apoio e de orientação. O outro e a ausência dele têm um papel importante na existência.
 O homem contemporâneo sofre uma desesperança, que se apresenta por várias facetas de sofrimento. A ausência do Outro é um dos maiores fantasmas dessa realidade. Segundo Angerami-Camon: “A solidão é, assim, a configuração extremada da ausência do Outro. O Outro que se torna presente pela própria ausência configura em meu ser sua necessidade”.









Transtorno de ansiedade generalizada.

Ansiedade é um sentimento vago e desagradável de medo, apreensão, caracterizado por tensão ou desconforto derivado de antecipação de perigo, de algo desconhecido ou estranho.
A ansiedade e o medo passam a ser reconhecidos como patológicos quando são exagerados, desproporcionais em relação ao estímulo, ou qualitativamente diversos do que se observa como norma naquela faixa etária e interferem com a qualidade de vida, o conforto emocional ou o desempenho diário do indivíduo. Tais reações exageradas ao estímulo ansiogênico se desenvolvem, mais comumente, em indivíduos com uma predisposição neurobiológica herdada.
A maneira prática de se diferenciar ansiedade normal de ansiedade patológica é basicamente avaliar se a reação ansiosa é de curta duração, autolimitada e relacionada ao estímulo do momento ou não.
Os transtornos ansiosos são quadros clínicos em que esses sintomas são primários, ou seja, não são derivados de outras condições psiquiátricas (depressões, psicoses, transtornos do desenvolvimento, transtorno hipercinético, etc.).
Sintomas ansiosos (e não os transtornos propriamente) são freqüentes em outros transtornos psiquiátricos. É uma ansiedade que se explica pelos sintomas do transtorno primário (exemplos: a ansiedade do início do surto esquizofrênico; o medo da separação dos pais numa criança com depressão maior) e não constitui um conjunto de sintomas que determina um transtorno ansioso típico (descritos a seguir).
Mas podem ocorrer casos em que vários transtornos estão presentes ao mesmo tempo e não se consegue identificar o que é primário e o que não é, sendo mais correto referir que esse paciente apresenta mais de um diagnóstico coexistente (comorbidade). Estima-se que cerca de metade das crianças com transtornos ansiosos tenham também outro transtorno ansioso.
Pelos sistemas classificatórios vigentes, o transtorno de ansiedade de separação foi o único transtorno mantido na seção específica da infância e adolescência. O transtorno de ansiedade excessiva da infância e o transtorno de evitação da infância (DSM-III-R8), passaram a ser referidos nas classificações atuais, respectivamente, como transtorno de ansiedade generalizada (TAG) e fobia social.

Quais são os sintomas?
 O transtorno de ansiedade generalizada (TAG) é um transtorno de caráter crônico, pelo menos 6 meses de duração. Deve ocorrer uma incapacidade de controlar a ansiedade, que é reconhecida como desproporcional, e inespecífica, generalizada (critérios maiores, em negrito). 

Critérios diagnósticos para ansiedade: 

  • Ansiedade e preocupação excessiva, com diversas atividades
  • Dificuldade em controlar a preocupação
  • Inquietação ou sensação de nervos a flor da pele 
  • Fadigabilidade 
  • Alterações do sono (dificuldade em conciliar, manter ou insatisfação)
  • Irritabilidade
  • Tensão muscular
  •  Incapacidade em relaxar
  • Dificuldade para se concentrar ou sensações de “brancos” na mente 


Outros sintomas freqüentes:

  • Tremores 
  • Cefaléia e dores pelo corpo
  •  Palpitações 
  •  Sudorese 
  • Tonturas 
  •  Ondas de calor ou frio 
  •  Falta de ar 
  •  Urgência miccional 
  •  Catastrofização 
  •  Alterações do apetite (aumento ou redução)
  •  Crises de ansiedade

Tratamento:

 A maioria dos casos necessita tanto o tratamento psicoterápico é constituído por uma abordagem multimodal, terapia cognitivo-comportamental, psicoterapia dinâmica, uso de psicofármacos e intervenções familiares.
  Como o medicamentoso, com antidepressivos, eventualmente associados a ansiolíticos, os benzodiazepínicos, no início do tratamento. Por ser um transtorno muitas vezes crônico, as doses são maiores e por maiores períodos de tempo.