Há várias teorias que tratam da capacidade de tolerar frustração. Interessa-nos, neste
momento, a que diz ser inata a capacidade de tolerar frustração, tendo a mãe o importante
papel de continente das angústias e provedora das necessidades básicas do bebê. Nessa
teoria, a formação do pensamento tem como ponto de partida a frustração de algumas
necessidades básicas que são impostas ao bebê, num processo em que o essencial é a
menor ou maior capacidade do bebê tolerar o ódio resultante de frustrações. Quando a capacidade para tolerar frustração é suficiente, a experiência se torna um elemento do
pensamento e se desenvolvem formas para pensá-la. E ao contrário, se a capacidade
para tolerar frustração for insuficiente, a experiência é internalizada como algo mau que
deve ser evadido e expulso. A evasão e expulsão desse algo mau são feitas por meio de
agitação motora na criança, e no adulto por meio de atuações (Bion, 1991).
Outra formulação importante na teoria geral de frustração de Rosenzweig
(1944) é a de tolerância à frustração, que se depende pela atitude da pessoa suportar
frustração sem perder sua adaptação psicológica, em outras palavras, sem recorrer a
tipos de respostas inadequadas. Essa formulação abrange o fenômeno da adaptação
em seu conjunto e implica também a existência de diferenças individuais nas situações
de tolerância à frustração. Essas diferenças estão relacionadas com a gravidade da
pressão e também com características da personalidade da pessoa. A tendência para
avaliar negativamente, para descontar ou suspeitar de outros pode influenciar na baixa
tolerância à frustração.
Os fatores determinantes da tolerância à frustração são somáticos e psicológicos. Dos
somáticos, fazem parte os fatores constitucionais e hereditários (variações nervosas, etc.) e
elementos somáticos adquiridos (fadiga, enfermidade física, etc.); os fatores psicológicos
são determinados pela evitação e proteção às situações frustrantes na primeira infância,
o que incapacita a pessoa para mais tarde responder adequadamente a uma frustração.
Por outro lado, o excesso de frustração contribui para criar zonas de pouca tolerância
à frustração, porque compele a criança a usar defesas do ego que poderão inibir seu
desenvolvimento posterior (Rosenzweig, 1944).
O organismo pretende em situações de frustração restaurar seu funcionamento
integrado, restabelecendo seu equilíbrio. Nesse sentido toda a resposta à frustração
é adaptativa, mas, sob o ponto de vista psicológico, nem sempre essas respostas são
adequadas, sendo adequadas, quando há predominância de respostas com as tendências
progressivas da personalidade mais do que com as regressivas. Considerando-se respostas
regressivas aquelas que ligam a pessoa indevidamente ao passado, e interferem nas suas
reações posteriores. Essas respostas são menos adequadas, tendo em vista que não deixam
a pessoa livre para enfrentar as situações novas (Rosenzweig 1944).
Cabe ao profissional de psicologia avaliar a condição psicológica destas pessoas em todo o seu contexto. Os testes e atividades com técnicas projetivas. O termo técnica projetiva
expressa a forma pela qual o indivíduo estabelece contato com a realidade interna e
externa.