sábado, 24 de setembro de 2016

Tolerância à frustração!

Há várias teorias que tratam da capacidade de tolerar frustração. Interessa-nos, neste momento, a que diz ser inata a capacidade de tolerar frustração, tendo a mãe o importante papel de continente das angústias e provedora das necessidades básicas do bebê. Nessa teoria, a formação do pensamento tem como ponto de partida a frustração de algumas necessidades básicas que são impostas ao bebê, num processo em que o essencial é a menor ou maior capacidade do bebê tolerar o ódio resultante de frustrações. Quando a capacidade para tolerar frustração é suficiente, a experiência se torna um elemento do pensamento e se desenvolvem formas para pensá-la. E ao contrário, se a capacidade para tolerar frustração for insuficiente, a experiência é internalizada como algo mau que deve ser evadido e expulso. A evasão e expulsão desse algo mau são feitas por meio de agitação motora na criança, e no adulto por meio de atuações (Bion, 1991).
Outra formulação importante na teoria geral de frustração de Rosenzweig (1944) é a de tolerância à frustração, que se depende pela atitude da pessoa suportar frustração sem perder sua adaptação psicológica, em outras palavras, sem recorrer a tipos de respostas inadequadas. Essa formulação abrange o fenômeno da adaptação em seu conjunto e implica também a existência de diferenças individuais nas situações de tolerância à frustração. Essas diferenças estão relacionadas com a gravidade da pressão e também com características da personalidade da pessoa. A tendência para avaliar negativamente, para descontar ou suspeitar de outros pode influenciar na baixa tolerância à frustração. 
Os fatores determinantes da tolerância à frustração são somáticos e psicológicos. Dos somáticos, fazem parte os fatores constitucionais e hereditários (variações nervosas, etc.) e elementos somáticos adquiridos (fadiga, enfermidade física, etc.); os fatores psicológicos são determinados pela evitação e proteção às situações frustrantes na primeira infância, o que incapacita a pessoa para mais tarde responder adequadamente a uma frustração. Por outro lado, o excesso de frustração contribui para criar zonas de pouca tolerância à frustração, porque compele a criança a usar defesas do ego que poderão inibir seu desenvolvimento posterior (Rosenzweig, 1944). 
O organismo pretende em situações de frustração restaurar seu funcionamento integrado, restabelecendo seu equilíbrio. Nesse sentido toda a resposta à frustração é adaptativa, mas, sob o ponto de vista psicológico, nem sempre essas respostas são adequadas, sendo adequadas, quando há predominância de respostas com as tendências progressivas da personalidade mais do que com as regressivas. Considerando-se respostas regressivas aquelas que ligam a pessoa indevidamente ao passado, e interferem nas suas reações posteriores. Essas respostas são menos adequadas, tendo em vista que não deixam a pessoa livre para enfrentar as situações novas (Rosenzweig 1944). 
Cabe ao profissional de psicologia avaliar a condição psicológica destas pessoas em todo o seu contexto. Os testes e  atividades com técnicas projetivas. O termo técnica projetiva expressa a forma pela qual o indivíduo estabelece contato com a realidade interna e externa. 




Mulher independente: ela assusta?

Para alguns indivíduos, uma mulher independente é praticamente desprovida de sentimentos, ou que talvez a característica da independência seja vista como incompatível com as atitudes esperadas por parte da mulher pelo senso comum. Dessa forma, é possível problematizar que, ainda, são imaginados papeis para os atores femininos e, nesse sentido, a independência reduziria o lado emocional e maternal da mulher. Assim, não há como negar uma visão estereotipada do sexo feminino, que ainda é vinculado a representações culturais estigmatizadas voltadas ao cumprimento de papeis. 
Acreditar que a postura da senhora não se trata de um pensamento arcaico, mas atual: “ainda há quem acredite que ser um bibelô (ou fazer-se de) tem lá suas vantagens”. Frente a essa visão, a cronista argumenta que a independência feminina é estimulante, alegre, desafiadora, vital, promovendo movimentação e avanço à sociedade como um todo, e finaliza constatando que talvez haja, no imaginário masculino, uma insegurança resultante dessa independência feminina. Entretanto, na percepção da autora, embora as mulheres estejam dizendo menos “eu preciso de você”, estão pronunciando mais verdadeiramente o “eu amo você”. Isso significa que, ao lado da independência, há também um movimento que permite às mulheres serem mais verdadeiras, não escondendo os seus reais sentimentos em prol do cumprimento de papeis impostos pela sociedade. A partir da análise da crônica, percebe-se que a sociedade ainda não está plenamente amadurecida no sentido de valorizar igualmente os sexos e aceitar uma relação de complementaridade e não de sujeição entre eles. Isso é evidente quando se verificam atitudes que refletem pensamentos estigmatizados em relação às mulheres, que ainda contribuem para uma imagem preconceituosa a respeito do ser feminino.
 Embora o feminismo seja um movimento recente, muito se tem falado, na atualidade, sobre gênero e identidade. As últimas pesquisas realizadas na área surgem na esteira de que ainda existe uma visão estereotipada da mulher e da sua atuação na sociedade. Assim, contrariando o que muitos teóricos culturais expõem a respeito da igualdade entre os sexos, parece haver, no senso comum, mesmo que de forma dissimulada, uma ideia de sujeição da mulher em relação ao homem, ou seja, uma noção injustificável de inferioridade do ser feminino. Em muitos episódios da vida cotidiana esse fato pode ser identificado. O texto leva a refletir sobre o estranhamento que algumas atitudes suscitam quando características do comportamento humano são atribuídas ao universo feminino. Assim, porque a independência feminina causa estranhamento ou até mesmo temor? Se essa característica é ‘nobre’ quando aplicada aos homens e ‘temerosa’ quando se aplica às mulheres, é evidente que há, no imaginário popular, uma visão deturpada do feminino, que reflete pensamentos estigmatizados e preconceituosos, mostrando uma sociedade ainda não amadurecida no tocante à igual valorização dos seus membros.