quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

Terapia de casal: como está sua individualidade na relação.

 Sobre casamento contemporâneo várias questões são desenvolvidas. Ressaltam-se a relevância institucional do casamento e o papel que ele desempenha para os indivíduos como instrumento de construção nômica. Descreve-se como o casal contemporâneo é confrontado por duas forças paradoxais, ou seja, pelas tensões entre individualidade e conjugalidade. Aborda-se o tema da manifestação da aliança e da sexualidade no casamento e no recasamento contemporâneo. Discute-se a questão da separação conjugal e suas conseqüências para os membros do casal e da família. Descrevem-se as características da família recasada e suas possibilidades de interação funcional. Enfatiza-se a importância da relação conjugal para o desenvolvimento emocional dos filhos. E, finalmente, ressalta-se que o compromisso da terapia de casal não é com a manutenção ou a ruptura do casamento, mas com a saúde emocional dos membros do casal e da família.
dificuldade de ser casal, reside no fato de o casal encerrar, ao mesmo tempo, na sua dinâmica, duas individualidades e uma conjugalidade, ou seja, de o casal conter dois sujeitos, dois desejos, duas inserções no mundo, duas percepções do mundo, duas histórias de vida, dois projetos de vida, duas identidades individuais que, na relação amorosa, convivem com uma conjugalidade, um desejo conjunto, uma história de vida conjugal, um projeto de vida de casal, uma identidade conjugal. Como ser dois sendo um? Como ser um sendo dois?  Cada casal cria seu modelo único de ser casal, que ele chama de "absoluto do casal", que define a existência conjugal e determina seus limites. A sua definição de casal, contém portanto os dois parceiros e seu "modelo único", seu absoluto.

Estudos evidenciam algumas diferenças quanto à manifestação das dimensões de aliança e de sexualidade em casais de primeiro casamento e em casais recasados. Pudemos ressaltar, em relação a cada um dos aspectos investigados, as seguintes conclusões: escolha conjugal - no grupo de primeiro casamento a aliança assume um papel mais significativo do que a sexualidade, enquanto esta é mais relevante para os recasados; relacionamento com a família de origem - é freqüente, mais forte e mais valorizado no grupo de primeiro casamento; relacionamento com os diferentes grupos de amigos - o grupo de amigos comuns é mais presente e valorizado no primeiro casamento, enquanto os recasados possuem mais amigos individuais e valorizam que os membros do casal possam sair às vezes separadamente; renda familiar - as diferenças não são grandes entre os dois grupos, embora entre os recasados haja mais mulheres participando da renda familiar, algumas das quais em proporção maior que os homens; neste grupo os papéis de homem e de mulher aparecem de forma menos rígida, mesmo assim, a mulher que trabalha fora se sente mais exigida em ambos os grupos; relacionamento sexual - em ambos os grupos o relacionamento sexual é considerado muito importante para o casal, mas a sexualidade aparece de forma mais personalizada e criativa entre os recasados, para os quais são maiores as demandas e as expectativas em relação à atividade sexual.
A constituição e a manutenção do casamento contemporâneo são muito influenciadas pelos valores do individualismo. Os ideais contemporâneos de relação conjugal enfatizam mais a autonomia e a satisfação de cada cônjuge do que os laços de dependência entre eles. Por outro lado, constituir um casal demanda a criação de uma zona comum de interação, de uma identidade conjugal. Assim, o casal contemporâneo é confrontado, o tempo todo, por duas forças paradoxais a que chamei, no título deste artigo de "o difícil convívio da individualidade com a conjugalidade". Se por um lado, os ideais individualistas estimulam a autonomia dos cônjuges, enfatizando que o casal deve sustentar o crescimento e o desenvolvimento de cada um, por outro, surge a necessidade de vivenciar a conjugalidade, a realidade comum do casal, os desejos e projetos conjugais.

A terapia de casal: 

O compromisso da terapia é com a promoção da saúde emocional dos membros do casal e não com a manutenção ou a ruptura do casamento. Verificando as relações existentes entre a vivência da individualidade e da conjugalidade, os diferentes tipos de escolha amorosa e a ruptura ou não do casamento.
Os conflitos conjugais e suas conseqüências, quer para a dissolução do casal, quer para a manutenção de um equilíbrio insatisfatório, quer para a possível resolução dos problemas.
Há três grandes áreas em que os membros do casal se relacionam um com o outro. A primeira diz respeito às expectativas mútuas, conscientes, quanto àquilo que o relacionamento conjugal deve prover; a segunda refere-se à extensão em que tais expectativas permitem a integração do casal ao seu meio cultural; e a terceira está relacionada à ativação inconsciente de relações patogênicas passadas, internalizadas por cada cônjuge, levando à complementariedade de papéis que se estabelece entre eles. Estudiosos dizem,  os casais estabelecem uma formação de compromisso entre suas relações objetais inconscientes, que na maior parte das vezes estão em conflito com seus desejos conscientes e suas expectativas mútuas.







Habilidades sociais fortalecem autoconfiança e autoestima.

 O suporte social é dependente da qualidade das relações sociais e, por conseguinte, cada indivíduo influencia com suas habilidades sociais a construção da sua rede social, conseguindo, a partir dela, o tipo de apoio que precisa para amenizar o estresse e evitar os sintomas depressivos. Pessoas com autoestima elevada, com habilidades sociais assertivas, capazes de ficar à vontade com a proximidade e de se simpatizar com o outro têm mais chances de manter e usar a rede de suporte social . As habilidades sociais contribuem, assim, para evitar a depressão, mas não apenas por estarem relacionadas ao suporte social,
Quanto à função, as habilidades sociais são tipos de comportamentos que geralmente favorecem a resolução de problemas interpessoais imediatos e minimizam o surgimento de problemas futuros. Esses comportamentos socialmente habilidosos são aqueles considerados mais efetivos para a pessoa alcançar os seus objetivos durante uma interação social qualquer ao mesmo tempo em que se adequa às reações imediatas do interlocutor e às normas e regras culturais presentes nos diferentes contextos de interação social . Quanto ao conteúdo, as habilidades sociais são classes de comportamentos incompatíveis com um padrão agressivo ou passivo de relacionamento, como as habilidades sociais de comunicação (exemplo: iniciar, manter e encerrar conversação), habilidades sociais assertivas (exemplo: manifestar opinião) e habilidades sociais empáticas (exemplo: expressar apoio), entre outras. É sabido que as habilidades sociais promovem a percepção de bem-estar e reduzem a percepção de estresse e depressão.
As habilidades sociais, além de favorecerem a construção do suporte social, contribuem para evitar ou amenizar os sintomas depressivos porque alteram para melhor as condições imediatas do contexto vivencial da pessoa.  O ambiente de pessoas deprimidas frequentemente reforçam comportamentos disfuncionais, mas, quando essas pessoas aprimoram as suas habilidades sociais, aumentam a capacidade de gerar mais recompensas sociais, reduzindo os estressores interpessoais e os sintomas depressivos. Os graves eventos negativos aumentam o número de problemas cotidianos e mais problemas cotidianos resultam em maior depressão, de maneira que a magnitude da correlação entre os problemas cotidianos e a depressão é, pelo menos em parte, explicada pela habilidade de solução de problemas.
 A falta de autonomia e de autoconfiança constitui muitas vezes uma barreira no estabelecimento de relações interpessoais, referentes à amizade e namoros. Modificações no corpo e no comportamento, decorrentes da puberdade, assim como o desenvolvimento psico-afetivo e social, merecem nesses casos, cuidadosa reflexão e orientação.