Estresse ocupacional :
O conjunto e a divisão de tarefas que compõem a carga
de trabalho do profissional estão associados a importantes
estressores laborais, os quais podem sofrer agravos significativos em razão de condições precárias de organização
do trabalho, que vão desde a baixa valorização e remuneração, descompasso entre tarefas prescritas e realizadas, até a
escassez severa de recursos e problemas de infraestrutura. o estresse ocupacional
refere‑se aos estímulos do ambiente de trabalho que exigem
resposta. A caracterização de um fenômeno de estresse
depende da percepção do indivíduo em avaliar os eventos
como estressores, portanto o cognitivo tem papel importante
no processo que ocorre entre os estímulos potencialmente estressores e as respostas do indivíduo a eles. O termo
estressor ocupacional designa estímulos que são gerados
no trabalho e têm consequências físicas ou psicológicas
negativas para um maior número de indivíduos expostos a
eles. Consideram‑se agentes estressores os fatores extraorganizacionais e organizacionais, individuais e de grupo.
Para a abordagem do estresse ocupacional, são consideradas
as vertentes biológica, psicológica e sociológica, que, apesar de
distintas, são complementares e estão interligadas. Na biológica, o estresse é caracterizado, essencialmente, pelo grau de
desgaste do corpo. Os processos afetivos, emocionais e intelectuais do indivíduo correspondem à abordagem psicológica,
ou seja, é a maneira pela qual este se relaciona com as outras
pessoas e com o mundo ao seu redor. Em adição, a sociológica
refere‑se à compreensão das variáveis que se estabelecem no
contexto da sociedade. O diagnóstico dos sinais e sintomas
do estresse ocupacional é essencialmente clínico, baseado nos
rastreamentos individual e do risco nas situações de trabalho
Síndrome de Burnout
Apontada como um fenômeno em expansão na atualidade,
a síndrome de Burnout (SB), também conhecida como esgotamento profissional no Brasil, tem recebido diferentes denominações. A definição mais amplamente aceita é baseada na
perspectiva psicossocial que busca identificar as condições no
ambiente de trabalho que conduzem ao Burnout e os sintomas
específicos que caracterizam a síndrome. É considerada como
uma resposta prolongada a estressores emocionais e interpessoais crônicos no trabalho, sendo classificada como exaustão
emocional, despersonalização e ineficácia. Manifesta‑se basicamente por sintomas de fadiga persistente, falta de energia,
adoção de condutas de distanciamento afetivo, insensibilidade,
indiferença ou irritabilidade relacionadas ao trabalho, além de
sentimentos de ineficiência e baixa realização pessoal
o Burnout é desenvolvido por meio das fases de:
• idealismo: o trabalho é interessante e preenche as necessidades do indivíduo;
• realismo: as expectativas iniciais não foram supridas, o
trabalho não satisfaz as necessidades, as recompensas e
o reconhecimento são escassos;
• estagnação e frustação: o entusiasmo e a energia iniciais
se transformam em fadiga crônica e irritabilidade; e
• apatia: a pessoa tem a sensação de desespero, fracasso e
perda da autoestima e autoconfiança.
O diagnóstico da síndrome é complexo, pois seus efeitos
apresentam consequências variáveis em termos psicológicos,
implicações físicas e alteração de conduta. No plano das implicações psíquicas, o indivíduo acometido descompensa‑se,
responde de modo inadequado à tensão e aos estímulos do
ambiente de trabalho, perde o eixo, encontra dificuldade de
aprendizagem, tem insônia, pesadelos, impotência e apatia,
extingue laços afetivos e evita restabelecer novos vínculos,
isola‑se, afasta‑se dos familiares, e demonstra desinteresse
pelo emprego. A diferença entre estresse e síndrome de
Burnout reside no fato de que no estresse são observados pontos
positivos e negativos, além da predominância de sintomas físicos
com emoções exageradas. Em contrapartida, no Burnout, são
marcantes apenas os aspectos negativos (distresse).
Existem alguns tipos de atividades cujos profissionais são mais propensos a desenvolverem o desgaste
emocional. A síndrome
de Burnout acomete, principalmente, profissionais que
prestam assistência ou são responsáveis pelo desenvolvimento ou cuidado de outros. Essa síndrome foi reconhecida como risco ocupacional para profissões que envolvem
cuidados com saúde, educação e serviços humanos.
Prevenção e enfrentamento
do estresse ocupacional
O estresse ocupacional afeta o indivíduo, a prestação de
serviço e a qualidade dele, sendo necessário o trabalho preventivo. A prevenção é de fundamental importância porque enfatiza
a dimensão humana e sinaliza os cuidados quanto ao respeito à
saúde do trabalhador. O enfrentamento do estresse tem como
objetivo principal minimizar ou moderar os efeitos sobre o
bem‑estar emocional e físico do indivíduo. Algumas estratégias
aliviam temporariamente e podem ser mal adaptativas em longo
prazo. Outras são ineficazes, pois o estressor não é eliminado e sua
recorrência não pode ser impedida. Entretanto, estratégias com
foco na emoção e no problema são mais efetivas, pois o indivíduo
lida diretamente com o estressor, reduzindo as demandas deste.
Qualidade de vida no trabalho
A qualidade de vida no trabalho (QVT) tem recebido
diferentes denominações, entretanto existe um consenso
de que uma maior humanização, aumento do bem‑estar do
trabalhador e maior participação dele nas decisões e nos
problemas da empresa relacionam‑se diretamente com a
qualidade de vida. A QVT envolve fatores intrínsecos e extrínsecos do cargo, afetando tanto as atitudes pessoais quanto as
comportamentais, com relevância na produtividade individual
e coletiva. Entende‑se que motivação, adaptabilidade, criatividade e vontade de inovação ou de aceitar mudanças estão
diretamente ligadas à QVT, tendo representativa influência
na produtividade e lucratividade das organizações.
Os fatores organizacionais que mais afetam a QVT são
a sobrecarga no trabalho, falta de estímulos e de perspectivas, ruídos, alteração do sono, necessidade de mudanças
e ergonomia. Nesse contexto, salienta‑se a importância da
implantação de programas de qualidade de vida no ambiente
de trabalho. Um dos obstáculos para a implementação de
tais programas é que alguns gestores os consideram um
aumento nos custos, e não investimento intelectual e profissional. Torna‑se imprescindível estimular o envolvimento
e o comprometimento do trabalhador, e essa é uma ideia
que deve ser praticada pelos gestores das organizações.
Envolver os indivíduos na estruturação de suas funções e
fornecer a capacitação e as ferramentas necessárias para um
desempenho eficiente é uma opção válida para a melhoria da qualidade e da produtividade no trabalho a ser desenvolvido.O estresse ocupacional vem sendo considerado um
problema generalizado afetando os trabalhadores, a organização e a sociedade como um todo.
Conclusão:
Estresse ocupacional
capaz de desencadear uma enfermidade orgânica ou provocar
uma disfunção significativa na vida do indivíduo. Para que
isso ocorra, é necessário que outras condições estejam
presentes, como a vulnerabilidade orgânica ou uma forma
inadequada de avaliar e enfrentar a situação estressante.
As estratégias para o tratamento devem ser iniciadas
quando se reconhece que as pressões na vida individual atingiram um ponto tal que estão causando problemas físicos,
psicológicos e de comportamento.
Acredita‑se que para
preservar a saúde mental e física, bem como a qualidade de
vida, é necessário que o profissional esteja inserido não só
no universo de seu trabalho mas também no mundo exterior que o beneficia interiormente, visto que este conjunto
complementa‑se para que o indivíduo permaneça em equilíbrio e obtenha a satisfação no seu cotidiano.
A aptidão de criar e manter um ambiente com presença
reduzida de estressores organizacionais é uma exigência
crescente, e todo empregador deve estar capacitado para
gerir e reduzir o próprio estresse, bem como para auxiliar
na diminuição das tensões de seus empregados.