A distimia é uma forma de depressão
crônica, não-episódica, de sintomatologia
menos intensa do que as chamadas
depressões maiores. O padrão básico
desses pacientes é um baixo grau de sintomas,
os quais aparecem insidiosamente, na maioria
dos casos antes dos 25 anos. Apesar dos
sintomas mais brandos, a cronicidade e a
ausência do reconhecimento da doença fazem
com que o prejuízo à qualidade de vida dos
pacientes seja considerado maior do que nos
demais tipos de depressão.
Os pacientes com transtorno distímico
freqüentemente são sarcásticos, niilistas,
rabugentos, exigentes e queixosos. Eles podem
ser tensos, rígidos e resistentes às intervenções
terapêuticas, embora compareçam
regularmente às consultas. Distimia: características históricas e
nosológicas e sua relação com transtorno
depressivo maior
disso, o médico pode sentir-se irritado com o
paciente e até mesmo desconsiderar suas
queixas . Apesar de o transtorno cursar com um
funcionamento social relativamente estável,
essa estabilidade é relativa, visto que muitos
desses pacientes investem a energia que têm
no trabalho, nada sobrando para o prazer e
para as atividades familiares e sociais, o que
acarreta atrito conjugal característico.
Em termos evolucionários, a distimia
poderia ser um subtipo adaptativo de humor
que se desenvolveu para enfrentar estados de
estresse ou carências 9. Assim, certas
características de humor deprimido poderiam
conferir vantagens evolucionárias em condições
específicas (onde a falta de ação e iniciativa
seriam mais apropriadas para evitar risco à
vida) 10, sendo benéficas em certas
subpopulações e ambientes, selecionando-os
com o passar do tempo. Como uma condição
mal-adaptativa, a distimia se manifesta
clinicamente como um afastamento da rotina de
atividades diárias ao invés de enfrentá-las.
Diferenças de gênero – dominância feminina
– em distimia e depressão também podem ter
uma razão evolucionária.
O transtorno distímico é uma importante
causa de morbidade, muito prevalente em
nosso meio e que aumenta os custos financeiros
e a utilização do sistema de saúde. O conceito
de distimia, originalmente abrangente e
inespecífico, vem sofrendo muitas modificações
ao longo do tempo, e hoje é incluído dentre os
transtornos do humor, no espectro das
depressões crônicas. Essa nova classificação
nosológica representou um importante passo
para uma melhor compreensão da entidade,
assim como para uma abordagem
farmacológica no seu tratamento. A relação
entre a distimia e os demais transtornos de
humor, particularmente o TDM, é hoje objeto de
muitos estudos e controvérsias. Os estudos
atuais ainda são metodologicamente limitados,
fruto também da falta de padronização na
descrição do transtorno. Dada a sua
importância, novos estudos, com metodologias
criteriosas e amostras consideráveis, devem ser estimulados, para que possamos entender e
tratar melhor esse transtorno.
Tratamento:
A evidência disponível no momento envolve um bom número de pacientes, é de boa qualidade e indica que pacientes
portadores de depressão crônica, tradicionalmente considerados
resistentes às abordagens terapêuticas, podem se beneficiar
com o uso de antidepressivos a curto prazo e a um custo
relativamente baixo.