A fobia social (FS) representa um problema grave de saúde
mental com características incapacitantes em suas diferentes
formas de apresentação. A mais comum é o medo de ser humilhado
ou ridicularizado em situações sociais por apresentar atitudes
inadequadas ou sintomas de ansiedade como tremor, rubor,
sudorese excessiva e desatenção. A interação social torna-se mais
ameaçadora se for associada a um descontrole motor observável
em comportamentos como beber, comer ou escrever.
A FS pode ser caracterizada como generalizada ou circunscrita,
dependendo da quantidade ou diversidade das situações sociais
temidas. Estima-se prevalência entre 2,5 e 13,3% de ambos os tipos,
para toda a vida em estudos populacionais americanos. Em adultos,
é mais freqüente em mulheres e tem início na adolescência, embora
muitos adultos relatem sintomas desde a infância. Em crianças, é tão
comum no sexo feminino quanto no masculino. Indivíduos com FS,
independentemente da faixa etária, têm maior risco de apresentar outros
diagnósticos psiquiátricos como transtorno de ansiedade generalizada,
depressão, fobia específica e dependência de substâncias psicoativas
como álcool e tranqüilizantes. Além disso, muitos indivíduos
apresentam características do transtorno evitativo de personalidade
(TEP), um padrão duradouro de esquiva do contato interpessoal, que
é considerado por alguns autores como a forma mais grave da FS,
com maior tempo de doença e de número e variedade de situações
sociais temidas. Múltiplos são os possíveis fatores relacionados à etiologia da FS.
Estudos familiares demonstram um padrão de agregação familiar de
FS, principalmente do subtipo generalizada. A maior incidência de
FS em parentes de primeiro grau de indivíduos acometidos sugere
que, pelo menos parcialmente, esse transtorno seja geneticamente
herdado. Estudos genéticos mais recentes sugerem a possibilidade de
herança poligênica, com genes candidatos em pesquisa.8 Em estudos
de neuroimagem funcional, realizados por meio de ressonância
magnética (RMN) ou tomografia por emissão de pósitrons (PET),
observa-se a hiperestimulação de estruturas temporais (amígdala,
córtex pré-frontal, hipocampo e núcleo estriado) em resposta a
imagens aleatórias de faces humanas – o que sugere um sistema
límbico hipersensível não somente a estímulos nocivos, mas também
a estímulos considerados afetivamente neutros. Além da vulnerabilidade biológica citada em estudos genéticos
e neurobiológicos, uma área muito estudada é a relação entre
inibição comportamental (IC) – que inclui introversão, timidez,
esquiva e medo de pessoas e objetos estranhos - em bebês e
crianças pequenas e FS na adolescência ou início de vida adulta. A IC é um traço de temperamento definido como a tendência do
indivíduo a afastar-se frente a novidades. Quando presente, aumenta
em quatro a cinco vezes o risco de a criança ou o adolescente
desenvolver FS. No entanto, a presença de traços de temperamento
como timidez e IC não são suficientes para o desenvolvimento de FS,
pois nem todos os que apresentam tais características desenvolvem
o transtorno, o que reafirma a importância da associação dos fatores
ambientais e biológicos em sua etiologia. Além disso, pesquisas
em desenvolvimento infantil correlacionam inibição social precoce
com respostas de proteção e controle exagerados dos pais. Estas,
por sua vez, reforçam o retraimento da criança e conseqüentemente
dificultam a exposição a situações sociais, formando um ciclo
vicioso.
Manejo de estresse e relaxamento :
As técnicas de manejo de estresse e relaxamento são utilizadas
no tratamento da FS com o objetivo de fazer com que o paciente
aprenda a ter maior controle das respostas fisiológicas próprias da
ansiedade. Dessa forma, tais técnicas são bastante utilizadas no
tratamento de todos os quadros ansiosos.
No manejo do estresse, o paciente é orientado a identificar os
sinais que indicam um aumento de sua ansiedade e a utilizar a
distração e/ou um exercício respiratório de maneira a não permitir
que a ansiedade aumente.
As técnicas de relaxamento em geral são úteis na diminuição da
ansiedade basal e também favorecem a percepção do autocontrole
da ansiedade. A mais utilizada é a de Jacobson, que orienta o
paciente a observar cada grupo muscular de maneira a identificar
a tensão e propiciar o relaxamento do mesmo.
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