O processo ocorre dessa
forma. Pessoas querendo garantir um bem-estar interno através do controle das coisas
externas. Trabalhando e se desgastando no sentido de poupar o trabalho e o desgaste
que uma suposta dificuldade poderia acarretar. Na dificuldade em conviver com a
incerteza, querendo a todo custo garantir uma certeza, mesmo que falsa, para se
tranquilizar.
Observo que, a medida que a pessoa se desenvolve e se torna
mais hábil em refletir, explorar e compreender o significado de suas ações, aos poucos,
ela vai se tornando mais independente dessa garantia e mais capaz de se arriscar e de
se aceitar errando, como qualquer ser humano erra. O seu referencial muda e ela passa
a contar mais com sua habilidade em resolver problemas e com sua disposição de
encará-los do que em tentar evitá-los. Não sei se ela se torna a pessoa mais conveniente
ou admirável aos olhos dos outros, mas ela vive mais plenamente. Ela se torna mais
inteira e mais real em suas ações. Mais capaz de seguir, reformular ou abrir mão do seu
mapa. Ela se torna mais flexível e capaz de se adaptar facilmente às situações novas.
“Aceitando mais os fatos, mesmo que eles sejam contrários a seus desejos”.
Em suma, o que tenho observado é que, por trás de quase toda
dificuldade emocional, por mais variada que ela seja, está uma luta do indivíduo para
manter uma posição, previamente estabelecida como sendo a melhor para ele, mesmo
sem considerar as condições em que ele vive no momento ou o significado daquela
posição. Uma luta para se sair bem aos olhos dos outros ou para corresponder a uma
suposta expectativa que os outros possam ter a seu respeito, negando com isso, seus
sentimentos e desejos ou sua própria condição humana, limitada e mutável. Observo
também que quanto mais o indivíduo é capaz de assumir diante de si mesmo e dos
outros, aquelas suas características, mais plena e criativa se torna sua vida. Mais livre de
ameaças e tensões ele se torna.
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