Três instintos básicos dirigem
a conduta das pessoas: o de conservação, que ajuda a manter a vida; o social,
que facilita o relacionamento com outros seres, e o sexual, que assegura
a preservação da espécie. Os dois primeiros são aceitos com unanimidade por
todos os Grupos sociais como necessidades vitais. Sobre o terceiro pairam
dúvidas. E dúvidas que geram medo. E esses medos trazem repressão. Em síntese,
é esse então o fio condutor da influência social sobre a vida sexual das pessoas.
São enormes as diferenças de
percepção da sexualidade entre os muitos clãs, tribos, sociedades e nações que
hoje constituem o planeta. Contudo, salvo poucos grupos que vivem quase
totalmente isolados nas selvas amazônicas ou de Papua Nova Guiné, o comportamento
sexual humano encontra-se sob os desígnios dogmáticos da moral religiosa ou
sofre sua influência. Mais além do instinto natural transmitido geneticamente,
a influência do contexto acaba modificando, desviando essas normas naturais a
fim de reprimi-las. E é a moral que infunde regras sustentadas pelo medo, pelo
conservadorismo e pelos castigos; ela penetra na mente e desenvolve dezenas de
barreiras, desde o início da vida até a maturidade. Viver a sexualidade de maneira
sadia a partir dessas premissas implica em se permitir trocar e variar de jogos
eróticos, sem que isso resulte sempre em uma prova traumática que obrigue a um
processo interior para superar essa barreira de contenção. É algo mais
espontâneo e livre. Em algumas fases, o que mais estimula é olhar; em outras, o
desejo é se deixar levar pelas sensações da submissão; em outras, ao contrário,
o que mais apetece é mostrar o corpo desnudo, exibir-se sem pudor, ou ver filmes
eróticos para atingir o limite da excitação. Tudo depende, então, da situação e
do estado de ânimo.
As práticas explicadas neste
livro são cotidianas e muito mais próximas do que opressão tenta fazer parecer.
Mesmo na intimidade mais profunda, aquela que não se confessa e da qual
às vezes nem se tem consciência, porque só é sentida, todos já experimentamos
satisfação em situações que consideramos marginais: olhar um corpo nu através de
uma janela indiscreta, mostrar o próprio corpo na praia e sentir-se desejada,
querer ser a protagonista daquele filme em que a mulher, atada por pés e
mãos, desfruta do gelo que molha seus lábios, ou desejar ter o controle da
situação para que o amante faça tudo que se lhe pede. Esses desejos reprimidos
e bloqueados pelo sentimento de culpa são o melhor aval para compreender que se
trata de reações naturais e estimulantes do sexo, como outras tantas. Essas
vontades convivem diariamente conosco, embora nos encarreguemos de tapá-las, de
passá-las para o lado obscuro da mente, esse espaço interior reservado ao
inconfessável.
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