sábado, 24 de setembro de 2016

Mulher independente: ela assusta?

Para alguns indivíduos, uma mulher independente é praticamente desprovida de sentimentos, ou que talvez a característica da independência seja vista como incompatível com as atitudes esperadas por parte da mulher pelo senso comum. Dessa forma, é possível problematizar que, ainda, são imaginados papeis para os atores femininos e, nesse sentido, a independência reduziria o lado emocional e maternal da mulher. Assim, não há como negar uma visão estereotipada do sexo feminino, que ainda é vinculado a representações culturais estigmatizadas voltadas ao cumprimento de papeis. 
Acreditar que a postura da senhora não se trata de um pensamento arcaico, mas atual: “ainda há quem acredite que ser um bibelô (ou fazer-se de) tem lá suas vantagens”. Frente a essa visão, a cronista argumenta que a independência feminina é estimulante, alegre, desafiadora, vital, promovendo movimentação e avanço à sociedade como um todo, e finaliza constatando que talvez haja, no imaginário masculino, uma insegurança resultante dessa independência feminina. Entretanto, na percepção da autora, embora as mulheres estejam dizendo menos “eu preciso de você”, estão pronunciando mais verdadeiramente o “eu amo você”. Isso significa que, ao lado da independência, há também um movimento que permite às mulheres serem mais verdadeiras, não escondendo os seus reais sentimentos em prol do cumprimento de papeis impostos pela sociedade. A partir da análise da crônica, percebe-se que a sociedade ainda não está plenamente amadurecida no sentido de valorizar igualmente os sexos e aceitar uma relação de complementaridade e não de sujeição entre eles. Isso é evidente quando se verificam atitudes que refletem pensamentos estigmatizados em relação às mulheres, que ainda contribuem para uma imagem preconceituosa a respeito do ser feminino.
 Embora o feminismo seja um movimento recente, muito se tem falado, na atualidade, sobre gênero e identidade. As últimas pesquisas realizadas na área surgem na esteira de que ainda existe uma visão estereotipada da mulher e da sua atuação na sociedade. Assim, contrariando o que muitos teóricos culturais expõem a respeito da igualdade entre os sexos, parece haver, no senso comum, mesmo que de forma dissimulada, uma ideia de sujeição da mulher em relação ao homem, ou seja, uma noção injustificável de inferioridade do ser feminino. Em muitos episódios da vida cotidiana esse fato pode ser identificado. O texto leva a refletir sobre o estranhamento que algumas atitudes suscitam quando características do comportamento humano são atribuídas ao universo feminino. Assim, porque a independência feminina causa estranhamento ou até mesmo temor? Se essa característica é ‘nobre’ quando aplicada aos homens e ‘temerosa’ quando se aplica às mulheres, é evidente que há, no imaginário popular, uma visão deturpada do feminino, que reflete pensamentos estigmatizados e preconceituosos, mostrando uma sociedade ainda não amadurecida no tocante à igual valorização dos seus membros.








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